Cultura
Teatro da UFPel leva arte ao centro histórico
Circuito cênico levou dança, música e teatro a locais tradicionais da cidade em peças dirigidas pelos alunos do 5º semestre
Paulo Rossi -
A Princesa do Sul carece de espaços públicos para apresentações teatrais. E para superar este obstáculo e levar arte para a população, o curso de Teatro da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) resolveu usar "A cidade como palco", como diz o título de um Circuito Cênico realizado na tarde desta sexta-feira (20), no centro histórico. O Café Aquários, por exemplo, é um símbolo da cultura pelotense que virou cenário de algumas cenas dirigidas pelos alunos da disciplina de Encenação Teatral I.
A aluna Juliana Caroline dirigiu a cena inaugural do Circuito, onde uma mulher - baseada em Ophelia, da obra Hamlet de William Shakespeare - deixa de se matar e muda de posicionamento diante aos homens. Segundo Juliana, o ambiente predominantemente masculino do Café Aquários muitas vezes afasta meninas de passarem pela calçada do local. Os olhares, muitas vezes de tons maliciosos, foram de surpresa. Patrícia Costa, que encenou a peça e também é estudante de Teatro, revela que sentiu o medo estampado no rosto de quem assistia. "Eu ia chamar um senhor para dançar e ele recolheu a mão, pareceu assustado", disse. De acordo com Juliana, a personagem possuía alguns fragmentos da personalidade pessoal da atriz e de outras mulheres que vivem este conflito.
O professor que organizou as encenações, Adriano Moraes, conta que as peças foram montadas a partir do local escolhido, pois gera mais possibilidades no processo criativo. No curso de Teatro são trabalhados quatro eixos: técnicas iniciais - quando é exercitado o improviso -, atuação, direção e montagem de espetáculos. As cenas não haviam sido apresentadas em aula, apenas uma sinopse foi enviada ao professor.
Eva Carapeços parou para assistir a cena "Oxumaré" e elogiou a iniciativa. "Esse tipo de expressão é muito bonito, teria que ter mais", disse. O diretor da apresentação revela que a ideia partiu do símbolo Oroboro, que representa uma serpente mordendo a própria cola, em alusão a ciclos e recomeços. Oxumaré é o orixá - deus da cultura candomblé - que representa todos os movimentos da natureza. O local escolhido foi o Chafariz As Três Meninas, onde as pessoas poderam apreciar música, dança e poesia. Ao todo foram 19 peças com duração média de 15 minutos cada.
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